João Carvalho é hoje uma incontornável referência, tanto nas técnicas da curtimenta como do universo artístico. E a essência da sua obra reflete o conhecimento de toda a arte no trabalhar da pele.
Os seus princípios de orientação estética fizeram-no assumir este material pouco comum em escultura. E eis nascidos estes corpos dialogantes entre o fantástico e a mística. Numa simbiose de peles, as figuras expostas, dialogam entre si e os seus ocultos olhares espreitam-nos em tentação de lascívia.
Percorrer esta exposição é circular o túnel do tempo que nos leva ao jardim das delícias.
O nu, sempiterno, inspira todos os artistas.
Na nudez reluz a pureza, a simplicidade, a humanidade. João Carvalho sabe-o bem.
E os seus véus, se os corpos ocultam, os sentidos obrigam a desabrochar. Mas a abordagem temática começa a ir mais longe, trazendo outras experiências à ribalta.
Em jeito de homenagem ao seu avô, que um dia ficou surpreendido por ter uma figueira que dava carneiras e ordenou aos empregados que parassem o trabalho,festejando com eles tal facto com vinho e bacalhau assado, João Carvalho traz-nos um deus Pã misterioso e ladeado de ninfas na forma de uma fantástica instalação escultórica.
A sua obra vem sendo apreciada em exposições um pouco por todo o lado e há muito que ultrapassou fronteiras.
O seu atelier, esta caixa preta em plena natureza, tem também vindo a tornar-se um espaço de excelência no universo das galerias. E por aqui têm passado grandes nomes das artes. (AG)
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